O necrofilo

Pastores, deixo aqui meu testemunho por que alguém pode estar passando pelo que passei. Meu relato pode parecer surreal, mas pode estar acontecendo com muitas pessoas nesse momento.

Nasci em uma cidade do interior do Paraná, filho de católicos, meu pai era alcoólatra, e desde cedo tive que pegar na enxada para ajudar minha família. Naquela época eu era muito pobre, além de não ser nada bonito, por isso não conseguia arrumar namorada. Desde a infância era apaixonado pela irmã de um amigo meu, a Luciana. Mas ela nunca olhou para mim.

Aos 17 anos algo terrível aconteceu, o amor de minha vida morreu ao cair da cela de uma mula xucra. Lembro que em seu velório chorei muito, ela tinha apenas 18 anos, seu irmão disse ainda que "ela morreu pura" (virgem). Eu ouvia essas palavras e olhava para Luciana em seu caixão, ela estava tão serena, sentia como se ela me chamasse.

O velório passou e Luciana foi enterrada. Durante a noite não conseguia dormir, a face angelical de Luciana pairava em minha mente. As 2 horas da madrugada levantei da cama, peguei a pá e fui para o cemitério onde Luciana estava descansando. Tinha muita habilidade com esta ferramenta em menos de meia hora já tinha retirado minha amada do seu caixão.
Era uma noite de Dezembro, o clima estava quente, o céu estrelado, a Lua cheia completava o ambiente romântico. Luciana estava usando um vestido branco, parecia uma noiva. Abri seus olhos, contemplei seu rosto, parecia que ela me chamava, então senti seus lábios gelados tocando os meus. Naquele dia tive minha primeira noite de amor.

Quando acordei o dia já estava amanhecendo, enterrei minha amada novamente e corri para a minha casa. Ninguém sequer duvidou do acontecido. Fiquei um pouco triste por saber que o irmão de Luciana mentiu sobre sua virgindade, mas isso não tinha importância. Fiz até uma poesia para minha amada naquele dia:

Quando vejo seus olhos estáticos,
sinto que olha para mim.
Quando vejo seu rosto pálido,
Sinto que me chama
Quando sinto seu corpo gélido,
Como uma noite de inverno,
Sei que me deseja.

Pensei em encontrar com Luciana toda a noite, mas em três dias seu corpo já estava em putrefação e cheirando mau, não era mais a minha amada. Uma tristeza abateu-se sobre mim, minha vida ficou sem rumo. Mas então pensei, “eu posso ter encontros com outras mulheres que estão agora descansando sozinhas em seus caixões, elas podem estar precisando de um amigo, ou algo mais”. Com esse pensamente em mente, passei a freqüentar todos os cemitérios que conhecia, freqüentava-os quase todas as noites.

Nessas minhas “saídas noturnas”, encontrei vários tipos de mulheres que satisfaziam todos os meus desejos, loiras, ruivas, morenas, altas, baixas, algumas eram um primor de beleza, outras nem tanto, mas todas tinham mais de 18 anos, pois sei que pedofilia é crime. Isso se estenderia por sete anos de minha vida. Logo tinha que ir para cemitérios novos, pois não é todo dia que uma jovem morre, por isso aos 18 anos arrumei um emprego de coveiro. Trabalhei em vários cemitérios, fazia hora extra, com isso consegui até acumular uma boa quantia em dinheiro.

Agora já não era mais aquele rapaz pobre e desajeitado de que todas as garotas corriam. Era um homem bem disposto, andava sempre de cabeça erguida. Não bebia, não fumava, não roubava, não frequentava prostíbulos, resumindo: era o genro que toda mãe sonhava para sua filha. Eu despertava agora o interesse de todas as moças que me viam, mas não sentia nada por elas, queria apenas minha amantes fúnebres, estas jamais reclamavam do meu jeito de ser, nem opinavam sobre minha vida.

Cheguei a fazer aulas de musica e de canto, pois com um violão fazia serenatas a minhas amantes. Recitava Shakespeare, Camões, Goethe, entre outros. Fiz até aulas de dança, dançava tango com minhas namoradas. Geralmente alguma pessoa escutava o barulho e pensava que era assombração.

Nestas minhas andanças pelos cemitérios, passei por vários casos inusitados. Um deles aconteceu um mês após a morte de Luciana, eu havia acabado de tirar o caixão de uma moça de sua cova, quando percebi um barulho e vi pessoas se aproximando. Eram católicos, espíritas e umbandistas que estavam vindo adorar aos mortos, rapidamente escondi-me atrás de m dos túmulos. Quando as pessoas chegaram e viram o caixão fora da cova ficaram muito assustados e uma delas disse:

- Quem é o espírito que vaga nessa noite?

Não entendi o que ela quis dizer com isso. Ela continuou:

- Me diz o que tu queres para poder descansar em paz, oh espírito erante!

- Me traga um frango assado e uma garrafa de coca-cola toda a noite! - Respondi com uma voz grave e tenebrosa, fazendo de tudo para conter o riso. Durante algum tempo passei a ter frango assado e refrigerante grátis toda noite.

Outro fato aconteceu quando já faz três anos. Havia acabado de chegar em um cemitério quando avistei uns meninos vestidos de “bruxos”, aparentemente eram fãs de réuri poter. Resolvi pregar uma peça nos moleques. Eu tinha um defunto a enterrar naquela noite, joguei o morto para o lado e entrei em seu caixão deixando a tampa aberta. Os “bruxos” ao notarem o caixão aberto dirigiram-se a ele, me fingi de morto. Eles falavam umas palavras estranhas e diziam que queriam ressuscitar o morto. No auge do “ritual deles”, eu levantei meu corpo dei um grito gutural, e disse:

- Vou comer todos vocês!

Todos ficam em estado de choque com tamanho susto, mas um deles que estava com um taco de baseball na mão, bateu com ele em minha cabeça. Tão forte foi a pancada que desmaiei no mesmo instante. Horas depois acordei e percebi que os meninos haviam me enterrado dentro do caixão do falecido. Por sorte minha, aquele era um caixão de péssima qualidade, com um pouco de esforço consegui sair da cova.

Além desses casos, digamos extremos, aconteciam incidentes menores. Por exemplo desenterrar pessoas erradas, encontrar mulheres que foram parentes minhas (como a minha prima Inês), ou durante o ato sexual um braço ou uma perna sair do corpo da falecida.

Essa vida parecia boa, mas não era. Seis meses atrás comecei a notar o surgimento de verrugas por todo o corpo, além de feridas e sangramentos na pele. Pensei que fossem DSTs que as defuntas haviam me transmitido, procurei vários médicos, nenhum conseguia resolver meu caso. Até que um dia encontrei um anuncio do Pastor Silas e procurei a Igreja Internacional. Ele me disse que todo o mal que eu tinha era causado por enconstos satanicos e entidades umbandistas.

Me converti e me batizei, renascido em Cristo hoje estou curado!

Fui contemplado com uma linda varoa no sorteio dos casais, ela foi a primeira mulher viva que eu toquei, por isso posso considerar que casei virgem.
Minha esposa também disse que tinha problemas parecidos com os meus na infância, mas não com pessoas mortas e sim com animais, e logo ela deixará aqui seu testemunho.

A Paz a todos!