A História da vida de Udinésio Castro Pinto da Rocha Miranda

(Texto resumido da minha biografia, já a venda nas melhores igrejas. Originalmente ela tem 250 páginas do Word, sendo 75 meu testemunho de superação, mas como eu sou um homem direto, vou contar resumidamente em no máximo 3 paginas do Word.)

Irmãos, quando eu era jovem, eu tinha sérios problemas... Problemas de ordem espiritual.
Aos 16 anos, comecei a me envolver com um ritmo que na época estava em seu auge, era conhecido como Révi Metal. Um ritmo enlouquecedor, bateria umbandística e cabalística, hipnotizante, completamente cheio de mensagens subliminares. Para completar meu caminho de perdição, eu era católico e viciado em chá de Dayme, também sofria de um encosto demoníaco que me causava narcolepsia, um distúrbio neurológico que me fazia dormir profundamente do nada.

Pois bem, minha superação começou quando eu conheci Lurdinha, ela era como eu, tinha fortes encostos umbandísticos. Eu e Lurdes estávamos namorando a 3 anos, íamos a shows de metal, cinema, encontros no terreiro, cemitérios, pixávamos casas, tomávamos chá de Dayme juntos e passávamos trotes telefônicos, uma vida típica de um metaleiro católico.

Um dia eu e Lurdes andávamos pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, quando vimos um homem com uma bíblia, que berrava com uma voz retumbante que provavelmente chegava a 250 decibéis. Era um homem negro de aproximadamente 1m e 80, trajando um terno Armani preto com pequenas listras brancas e uma gravata vermelha. Disse para minha namorada:

“Que homem mais bem trajado, Lurdes, quem será que é ele.”

Minha namorada disse com os olhos vermelhos em brasa, possuída pela entidade Tranca-rua, um dos 8 reis do ciclo infernal:

“Ele é um crente. Ô pessoalzinho patético.”

Naquele momento acho que fui possuído pela entidade também, pois a cada santa palavra do obreiro eu sentia mais ódio pelos crentes. Até que teve uma hora que eu não agüentei mais. Possuído por entidades malévolas, puxei meu revolver .38 Taurus 817 ox 7T (naquela época, todo metaleiro tinha um) e apliquei 5 tiros no peito do homem.

Ao terminar, eu e minha namorada corremos dali fomos nos esconder em um rockstore ali perto, o dono/vendedor da loja era meu amigo, ele ia nos esconder. Ao contar o que havia feito para Josefino, o dono da loja, ele no mesmo momento, também possuído, nos apoiou e nos deu alerta de que os crentes iam querer vingança. Naquele mesmo momento eu parei e disse algo que até hoje eu me arrependo e rezo todas as noites pedindo desculpas a cristo:

“Malditos Cristãos!”

Foi a pior coisa que eu já disse. No dia seguinte a estampa do jornal o globo “Misterioso baleia obreiro Jacinto da Igreja Universal” vou postar aqui um trecho da matéria:

“Rio, um misterioso (até então não identificado) estava assistindo a uma pregação ao ar livre do obreiro Jacinto Silvares. Foram removidos 5 projéteis de algum revolver 38 de seu corpo. Jacinto está no hospital, mas seu estado não é grave e deve receber alta logo pela manhã.”
Agradeci a Exu por ter me livrado daquela, sacrifiquei um bode em sua homenagem e abri uma garrafa de champanhe importado, tudo pro sacrifício, não consumi nada.

Minha vida de vadiagem e possessão não acabou aí. Eu estava com 19 anos e ainda não tinha terminado os estudos, parei após a conclusão do ensino fundamental. A partir daquele momento, todos os metaleiros da cidade me conheciam e todos eram meus fãs, alguns me admiravam mais do que a Chico Xavier.

Certo dia, estava eu e minha namorada assaltando uma loja de doces. Como todo bom metaleiro, fazia esse tipo de coisa pelo menos uma vez por mês, só o suficiente para pagar as bebedeiras e as drogas do mês seguinte. Arrecadamos 420 R$, mais que o suficiente. Ao sairmos da loja, dei de cara com o obreiro que baleei. Aplicando-me uma rasteira baiana, logo, por culpa da narcolepsia, apaguei.

Acordei em um palco, cerca de 2000 pessoas na minha frente, o pastor vira-se para mim e diz “Bom, agora que você acordou, é a sua vez de encontrar Jesus.”. O homem deu um show de fé na frente de todas aquelas pessoas.

“Irmãos, este aqui está possuído por uma legião do mal. Um jovem de aparência saudável, mas possuído pelas piores entidades possíveis! Crom, Camissamá, Exu Caveira, Tranca-rua, Zé Pelintra, Thor e Ganesha. Vamos tirar o capeta do corpo dele, irmãos?”

O povo todo grita em coro “Sim!”

O homem, muito sábio e ungido, estava tirando os demônios um a um a medida que ele me batia com um bastão de baseball de carvalho. Eram pancadas certeiras em minha cabeça, mas eu não sentia dores, pois eram pancadas na alma, não no meu corpo carnal.
Durante a purificação, uma explosão pode ser ouvida no portão da igreja. Uma Kombi Volkswagen branca, dela saiu 5 pessoas mascaradas que me tiraram de lá e me levaram para algum lugar no meio do nada.

Na kombi, as pessoas tiram as mascaras, eram: Minha namorada, Josefino, Zeca, Pai Didônio e uma pessoa aleatória que não reconheci, provavelmente um fã meu.
Fui resgatado, mas algo dentro de mim estava dizendo que era melhor ter ficado lá. Fui levado ao hospital e o médico identificou uma bolha de sangue no meu cérebro, lesões graves e que provavelmente essa bolha estouraria na próxima pancada que eu levar naquela região.

Aos poucos, fui perdendo a vontade de ouvir Révi Metal, orgias satanistas já não me animavam mais, não gostava mais de sacrificar animais em nome de Exu, estava parando de ir às igrejas católicas e aos terreiros de macumba, parei de fumar, mas ainda faltava algo... Acho que era Jesus falando comigo.

Certo dia, acordei de um sono forçado pela narcolepsia e fui beber um chazinho de Dayme, tinha acabado metade dos ingredientes, então resolvi inovar, peguei uma fita VHS e coloquei pra ferver na água junto com orégano, açúcar e uma bala 7 belo.
Bebi e na mesma hora apaguei, tive um sonho onde o mundo acabava, todos os meus ídolos do révi metal estavam voando por aí, soltando raios pelos olhos nas pessoas, até que viro pro lado e vejo o maior de todos eles, Ozzy. Ozzy vira para mim e diz:

“What the fuck, man? Let’s fuck’n run away from here.”

Eu e Ozzy corremos o máximo que podemos, chegamos a minha casa, quando olho para trás, Ozzy solta uma gargalhada diabólica e grita “Let’s go fuck’n crazy! AHAAHHAH.” Sua boca abre desproporcionalmente, como nos desenhos animados e ele come minha cabeça. Foi aí que eu notei que tinha que procurar ajuda espiritual, e das boas, não dos pais-de-santo.

Fui até a Igreja Universal, onde Pastor Jacinto me recebeu de braços abertos, me desculpei pelos tiros e disse que queria me converter, naquele dia, me batizei na primeira piscina sagrada de todas as igrejas, a da universal.

Quando eu estava para entrar na piscina, surpresa! Narcolepsia de novo. Apaguei, quando acordei, ainda estava na piscina, sai de dentro dela, ensopado pela água santa da Piscina sagrada, duas semanas após ter apagado, sem lesões, sem narcolepsia, sem bolha de sangue, sem cicatrizes de brigas com facas, estava completamente curado! Até mesmo de uma Hepatite C que adquiri durante um ritual umbandístico.

Logo após minha cura definitiva, resolvi virar pastor, comecei um curso de pastores na Universal e converti minha namorada, meus pais, 3 dos meus 15 irmãos, Josefino, pai Didônio, Zeca, 120 metaleiros, tudo em um só lugar. Ao decorrer dos anos, entrei para a Igreja Internacional, onde me inscrevi para o sorteio de casais e por milagre, tirei a Lurdes, minha namorada até então.

O tempo passou, virei pastor da Igreja Internacional, montei um pequeno templo em Manhattan, voltei deportado para o Brasil, fiz supletivo no colégio Adoniran de ensino evangélico, converti os meus outros 12 irmãos, tive 9 filhos (5 filhos e 4 filhas). Fui inocentado de diversos crimes que cometi naquela época e hoje sou um conceituado pastor, empresário, comerciante, enfermeiro, mecânico de autos, eletrotécnico, marceneiro, motorista de ônibus e professor de musica. Venci em Cristo, sou feliz e ao longo de minha carreira converti mais de 5000 Pessoas, devo tudo ao falecido Pastor Jacinto e aos anos pagando dízimo.



Glória