Irmãos, venho aqui relatar o que aconteceu comigo outro dia.
Eram apenas 17:00 horas da manhã quando meu telefone toca, era meu vizinho, Guenevaldo.
Guenevaldo ligou me convidando para ir na sua casa participar de uma "jogatina" (termo que gueimers usam quando jogam algo). Aceitei o convite, pois tinha acabado de me mudar e gostaria de me relacionar com as pessoas, se possível até chamar elas para o culto da Igreja.
Chegando lá, Guenevaldo abriu a porta e disse que iriamos jogar um jogo de luta chamado Estrite Faiter (lutador da rua)
Meu conhecimento sobre gueimes era precário, não sabia que tipo de jogo era, só sabia que o video-game ungido era um tal de Zeebo.
Guenevaldo me mandou sentar em seu sofá comprado nas Casas Bahia dividido em 6 vezes, estrutura de eucalipto revestido com manta acrilica e com pés banhado a ouro e diamantes.
Me posicionei sobre o sofá, sentei e comecei a olhar para a sua televisão, para minha surpresa era um modelo que eu nunca havia visto, uma tal de LÉD da Philco, enquanto esperava o dito cujo, fiquei olhando suas coisas, não sabia qual video-gueime era, sua cor era branca e estava escrito 360, por ser branco achei que era o ungido Zeebo, então fiquei feliz, Guenevaldo só poderia ser um Cristão do reteté da Igreja Internacional.
Parei de olhar imediatamente para suas coisas e o esperei colocar o jogo, roendo todas as minhas unhas de tanta ansiedade que estava para jogar, Guenevaldo imediatamente pegou um DVD de marca Ridata, disse que tinha comprado na loja do árabe por 7 reais e colocou no aparelho, imediatamente abriu uma tela escrito 'Xbox 360', não desconfiei de nada até ai, ficamos jogando o tal 'lutador da rua' por algumas horas mas em poucos minutos deu pra perceber o motivo do nome deste gueime.
Os personagens são mendigos, o tal de Ryu, Ken e Akuma usam roupas rasgadas e andam descalços, então comecei a ter meu momento de reflexão.
Pastores da Igreja Internacional usam ternos da Armani risca de giz, sapatos mocassim e rollex.
Imediatamente me caiu a ficha de que aquele não era o ungido Zeebo e sim algum aparelho do demônio, o tal de Akuma tinha um golpe que deixava a tela preta e começava a explodir como rojões no ano novo, Guenevaldo me disse que se chamava: Shun Goku Satsu, técnica dos punhos assassinos.
Como um jaguar em alerta, meu cérebro entrou em um estado de adrenalina, quando Guenevaldo falou sobre as tecnicas, joguei o controle no chão e rapidamente o imobilizei com golpes de caratê cristão.
Guenevaldo tentou me repreender com palavras dizendo que era besteira o que eu estava fazendo e que iria chamar a policia, imediatamente joguei ele no sofá, peguei um vaso cheio de flores que estava em uma mesinha ao lado e desferi em sua cabeça. Ele desmaiou com a pancada, aproveitei para pegar seu console, X360 e jogar fora, de modo ligeiro, o taquei pela janela, caindo em uma vala ali perto.
Era hora de mostrar como um obreiro deve agir, percebi que Guenevaldo era um ímpio e que tinha que ter seus bens confiscados em nome da Igreja Internacional.
Chamei o caminhão de mudanças e coloquei seu sofá e televisão em um canto, disse que era para levar na Igreja Internacional que alguns dos Pastores iriam averiguar o material para ser abençoado na piscina sagrada em função dos encostos ( casas bahia, já sabem o que vem de lá).
Não queria deixar Guenevaldo desmaiado, liguei para a ambulância, disse que ele tinha tropeçado e batido a cabeça na quina de uma escada.
A ambulância o levou, fiquei algumas horas na casa dele e a secretária do médico ligou dizendo que Guenevaldo iria ficar para sempre em estado vegetativo, a partir daí eu percebi que ele estava em paz consigo mesmo e que não iria mais precisar sofrer nesse mundo imundo, a paz do senhor está com ele, imóvel.
Tranquei a casa e falei com uns amigos que disseram que podiam editar documentos na prefeitura, fiz um tal de uso capião e consegui obter a casa de Guenevaldo.
O Sofá e a Televisão foram para a Igreja depois de todos os encostos removidos.
Depois disso deixei de aluguel a ex-casa de Guenevaldo e dava o dinheiro para ajudar a confraria.
Essa foi uma história de como um lar de ímpio pode se transformar em algo sagrado para ajudar quem faz o bem.
Me senti de consciência lavada, pois ainda estava em dúvida se o que eu tinha feito com o vaso era certo, mas o Pastor disse que estava tudo bem, pois Guenevaldo poderia ser um humanóide querendo roubar a minha alma.
Glórias.