sábado, 21 de julho de 2012

Testemunho: Casei-me com a Pomba Gira

Pastor Clodoaldo Malafaia

Pastor,

Em 2004 integrei o sorteio de casais na igreja do senhor porque já estava ficando velho demais para o matrimônio e em mim já batia o medo de morrer solteirão. Completara trinta e nove anos no mês anterior e aqui em casa teve um bolinho; chamei a rapazeada da igreja pra tocar um violãozinho cristão, certo, tomar uma água mineral e um guaraná Jesus. Na hora do parabéns, pastor, me fizeram uma brincadeira muito aborrecida. Sabe aquela coisa do "com quem será...". Pois é, naquela hora todos os meus parentes e amigos íntimos começaram a me caçoar dizendo que nunca me casaria, por causa da minha feiúra. Fiquei besta, pastor. Está bem que eu peso 224 kg, e sou meio estrábico, mas isso daí foi por causa dos anos que fui alcóolatra da cerveja Brahma; o pastor Jassineu explicou-me que é mau olhado hindu ("brahma" é um nome do budismo-hinduísta) que faz crescer barriga e envergar vista, mas isso é conteúdo pra outro relato.
Pois bem, confessei para o senhor este meu receio e você foi muito profissional comigo, inscreveu-me de imediato no sorteio. Quando vi o papelzinho caindo na urna soube que aquela era a hora da virada.
No dia do sorteio foi uma emoção que não coube no peito. Vi umas varoas ungidíssimas, ali, e me apaixonei por quase todas. Comecei a suar e bufar de nervosismo e cada número que saía via uma moça mais linda que a outra passando por mim. Logo elas começaram a minguar e restou apenas uma pretendente em pé, mais fina que um bambu-trepador, monocelha e desprovida dos mulherismos, tal como se fosse uma tábua. Naquela hora cruzei os dedos e orei ao Senhor que por favor não me tirasse com ela.


Pois não adiantou, pastor. O senhor puxou o papel e foi lá: era Neide Uélcome. Na hora gelei e pensei em sair correndo, mas compromisso é compromisso, unimos os dois muito acabrunhados e caminhamos em volta da igreja. Pastor, vou te dizer que bicho feio daquele jeito nunca tinha visto antes, parecia uma seriema depenada.
Reunimo-nos para os cortejos e seguimos mais um ano em namoro, porque embora eu a achasse muito pouco atraente, todo bom varão precisa casar-se um dia e constituir família, como está nas escrituras. E também tem aquela: sorteio dos casais é oferta divina, e cavalo dado não se olha os dentes. Mas tortos daquele jeito, dificultava.
Quando vi que meu aniversário de quarenta anos aproximava-se, formulei pensamento veloz. Precisava matrimoniar-se antes que tivessem a chance de fazer aquela gozação por mais um ano. Então uma noite fui com Neide para o plantão de casamentos na capital e juntamente com 11 casais concretizei a união oficial. Beijamo-nos aquela noite com gosto de prato feito de frango e polenta e fomos para um hotel comemorar a lua-de-mel.
Meu martírio naquele instante fez-se ainda mais tortuoso. Ela exigia que eu usasse preservativo porque não queria engravidar. Mas qual! E eu que sempre sonhei em gerar uma manada de criança. Já sabia até os nomes que ia pôr: Maicou, Vanderlaison, Richarlisson, Leidigaga, etc. Mas não deu outra, ela continuou relutante diante de minhas ordens como esposo. Falava em movimento feminista e outras coisas satânicas que a gente não tem audácia de dizer nem em pensamento.
Depois de meses de casamento infeliz, Neide me negou relação sexual. Naquele momento fiquei tomado pela ira, mas refleti por alguns instantes e resolvi que era melhor resolver meus problemas na rua. Logo ali na esquina ficava o boteco do Alceu, local que foi praticamente minha morada nos meus anos de vício de bebida. Sentei-me no banco ao lado da mesa de bilhar e espiei as garrafas à mostra. Alceu nem disse nada. Abriu o freezer e pegou uma garrafa da cerveja Brahma geladíssima; levou o abridor e a fumacinha escapou pelo bocal, tentadora como o fruto proibido do paraíso. Nesta hora não tive controle dos meus atos, pois as horas seguintes passei me embriagando.
Quando retornei para minha residência, Neide estava de pé, do lado do batente, segurando um rolo de macarrão.
Neste momento fui tomado por alguma entidade, pastor, pois vi apenas um vulto e neste momento agarrei-lhe o instrumento de cozinha com as mãos e acertei seu rosto e corpo, quebrando seu maxilar, dois dentes, uma costela e um omoplata. De repente, percebi o erro que cometera e pensei em fugir. Entrei no meu automóvel, na época um Gol bolinha 1996 com placa clonada e escapei da garagem como um relâmpago, queimando o asfalto à minha frente. Como não tinha controle de meus atos, acabei passando por uma passeata católica e num momento de blecaute invadi o outro trecho da rua atropelando sete pessoas.
Então Jesus Cristo tomou controle do meu corpo, porque percebi que meu carro estava estacionado diante do templo. Neste momento o pastor me acolheu e me perguntou o que havia ocorrido, pois havia sangue no pára-brisa e a carroceria tinha marcas de amassado. Quando entramos para o interior do templo para tomar um café preto o jornal já noticiava o fato, com uma imagem de minha esposa gravemente ferida sendo levada para o interior de uma ambulância. O senhor, entretanto, foi muito sereno.
- Pastor Clodoaldo Malafaia, como redimir?
- Irmão - o senhor disse, com uma voz belíssima - não há nada a ser perdoado. A culpa na verdade é da sua esposa. Cogito até mesmo que sua mulher incorporou alguma entidade em você, isto é natural da Pomba-Gira.
Naquele momento senti-me profundamente reconfortado, pois um homem sábio como o senhor entende das coisas que diz.
Fui levado a julgamento, mas o juiz por sorte também era protestante e sentenciou-me como inocente, além de conceder-me desquite justificado. Para pagar o favor que fiz ao senhor vendi meu automóvel e minha casa, avaliados em cerca de cento e dez mil reais. Mas sei como são dispensiosas as questões judiciais.

Hoje sou trabalhador honesto, livrei-me da maldita Brahma e através de cirurgias espirituais perdi cerca de 120 kg.
P.S.: Ontem fui ao urologista e ele me contou que tenho um problema de uretra estreita e por isso sou infértil. Veja que abesurdos dizem esses chamados médicos!

Róbison

4 comentários:

Anônimo disse...

primeiro

Anônimo disse...

Esse texto é algum tipo de humor? Pois, se não for, foi a coisa mais idiota, sem moral e mentirosa que já li.

Anônimo disse...

Cara, sou evangélica e dou altas risadas dos teus textos, não entendo a hipocrisia alheia :/
Não para de escrever não...que descobri este blog hoje e vou continuar dando uma linda sempre que sobrar um tempinho
kkkkk
abraço e...FICA COM DEUS!!!!
:D
P.S. Queria tanto colocar meu nome como autora do comentário...faz bem pro ego deixar marca nas coisas, mas vaidade é pecado...e também, vai que meu pastor tá passando por aqui e vê que eu tô lendo e incentivando isso tudo...huehuehuehuheuehuehuh

Anônimo disse...

**dando uma lida, gente, uma lida...

:D

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