Testemunho concedido por Fábio Araujo, de 25 anos, no culto do dia 03/02/2012, na quarta Igreja do Primeiro Impacto do Rio de Janeiro, localizada no bairro do Valqueire, e transcrito pelo Pastor Paulo Tarso de Oliveira, o caçador de serpentes.
Minha estória começa a muito tempo atrás quando conheci um garoto que foi, e ainda é, meu melhor amigo. Seu nome é Adauto.
Jogo Skyrim: artimanha dos servos de Satanás.
Conheci o Adauto no primário. Devia ter o quê, uns 9 anos nessa época? A gente estudava no Pentagono, que era um colégio de gente mais abastada daqui da região. Estudei lá porque minha mãe era empregada doméstica de um dos sócios e então ele me dava uma bolsa de 100%. As coisas não eram fáceis para gente aqui mas, como filho único, minha mãe e meu pai sempre me deram de tudo que podiam dar.
No início eu odiava o Adauto, achava-o muito metido. Ele andava de tenis Mizuno, eu ia com aqueles Reebok todo branco modelo estudantil. Ele tinha um relógio a prova d'água, eu via a hora no relógio da parede da classe. Ele era o melhor aluno da turma, o mais bonito, o craque nas peladas do recreio; eu tinha notas medianas, era feio e nasci com 'duas pernas esquerdas' para o futebol (nem me atrevia a jogar porque ninguém me escolhia). Enfim, ele era melhor que eu em tudo que se podia imaginar e, pior, eu ainda tinha que vê-lo todos os dias porque a gente era da mesma classe. Até um bip o filho-da-mãe ganhou do pai para saber quando tinha que ligar para casa .
Um dia, meu pai , que trabalhava como porteiro, chegou com uma caixa grande: ele tinha sido sorteado no consórcio para um computador. Antes eu até tive algum contato com computadores (na escola), agora com o PC ( Pentium 233) em casa eu ficava horas e horas jogando paciência e campo minado no antigo windows 95. E foi numa aula de informática que tive contato com meu primeiro jogo 'hardcore', era o jogo Doom, que foi uma febre durante algum tempo. Um dos garotos da turma tinha um disquete com o game e logo todo mundo da turma tinha também.
Não quero me gabar não mas eu era o cara do campo minado ( não era tão bom assim no Paciência, e era horrível no copas-fora), logo eu fiquei fera em Doom. O pessoal marcou um torneio: quem chegasse mais longe no Doom vencia. Eu cheguei a final contra o Adauto, até nisso o cara era bom. Graças a Deus, o pai do Adauto lhe deu uma bipada bem na hora que ele estava quase me passando e ele acabou perdendo no jogo. Fui sagrado campeão e pude gozar de ser o melhor jogador de Doom da escola. Maior moral!
No dia seguinte, o Adauto me chamou num canto, me deu os parabéns e me contou sobre o bip. Ele falou que sua mãe tinha um problema sério de saúde , uma tal de propilepsia, ou alguma coisa assim ( na verdade, o problema dela era encosto, já que era cardequista na época). Como o pai do Adauto vivia viajando, ele tinha que ir para casa toda vez que o bipavam. Naquele dia começamos uma amizade que durou muitos anos.
Mesmo amigo do Adauto, eu me sentia inferior. A válvula de escape para minha moral não naufragar na enxurrada das habilidades do meu amigo eram nossas disputas equilibradas para ver quem virava ( terminava, completava, zerava) primeiro os jogos de videogame ou computador. Doom, Quake, Sonic, Alex Kid, Mortal Kombat 2, Super Mario RPG, Ninja Gaiden, Zelda, Final Fantasy 6, 7 e 8, Fallout 1 e 2, Street Fighter 2, The King of Fighter 97 e 98 , Crono Trigger, International SuperStar Soccer Deluxe, Breath of Fire, Arena, Daggerfall,Morrowind, Resident Evil, Goldeneye 007, Perfect Dark, Shadowman, Battlefield, Counter Strike, Fear, Death Space, Mass Efect...Passaram-se os anos nessa disputa. Adauto era melhor em jogos de RPG e aventura. Eu me fazia nos jogos de tiro e esportes.
No fim do ano passado ( 2011), o Adauto apareceu com um jogo novo, que era a quinta versão de seu jogo preferido: The Elder Scrolls 5: Skyrim, que é um jogo de RPG virtual que você joga com um tipo de feiticeiro ( que entregou sua alma ao demônio). Nesse jogo ele era o melhor, sempre virava antes de mim. O problema foi que nessa época nossa disputa tava empatada. Então o Adauto, que se dizia cansado dessa nossa competição, deu a ideia de a gente disputar uma ultima vez. Seria assim: quem chegasse mais longe em Skyrim após uma semana de jogo seria o campeão para sempre. Aceitei. Era a minha chance de mostrar ser melhor que ele em alguma coisa.
Para não perder, fui a casa da minha tia e surrupiei seus remédios para emagrecer ( sibutramina). Ela é obesa mórbida e está tomando remédio para emagrecer e assim poder fazer a cirurgia bariatrica. Peguei os medicamentos porque lembro dela dizendo ter problemas para dormir por causa deles. Comprei 14 litros de Mad Croc, 3 litros de Absolut Vodca e dois potes de Nescafé. Estava com tudo pronto para jogar Skyrim direto, sem precisar dormir.
Fiquei 3 dias sem dormir, sem comer, sem ir ao banheiro e sem tomar banho. Esqueci de comprar as fraldas, então estava todo sujo e fedendo, mas isso pouco me importava. Até água eu me esquecia de beber. No quarto dia estava no Level 43, com Destruction 100 e fazendo a quest da lamina de Mehrunes Dagon ( um demônio do jogo) quando tive uma visão : me vi como o Dragonborn( personagem do jogo); eu estava no mundo de Oblivion ( o inferno) em frente a um Daedra( demônio) que dizia se chamar Lúcifer ( eu não era de Jesus então não sabia quem era Lúcifer nesses tempos) sentado em um trono. Ele estava envolto por todos os personagem dos video-games como Link, Samus, Leon, Sonic, Jill, Squall, Rinoa, Ryu e etc. Então o demônio me disse que existia uma arma mágica em Skyrim, muito poderosa mas que eu só podia tê-la se 'vertesse o sangue de meu melhor amigo em sacrifício'.
Um demônio ( Daedra, ou Dremora) retratado no jogo
Gritei 'não, isso não' pro demônio e me virei . Vi atrás de mim o Mario montado num Chocobo e ele falou 'It's me, Mario. Alô!'. Voltei a mim. Estava em meu quarto e tinha acabado de morrer em Skyrim. O meu ultimo save era de dois dias antes ( umas 30 horas antes) e eu tinha desligado o auto-save ( porque o auto-save engasga o jogo direto). Eu não estava muito bem da cabeça. Agora com aquelas 30 horas de jogo perdidas, eu não ia conseguir virar antes do Adauto. Então, as palavras do demônio ficavam se repetindo, que eu tinha que matar o melhor amigo para conseguir a arma especial, que so assim eu ia virar antes.
Virado no encosto, fui a casa do Adauto determinado a realizar o sacrifício para poder ter o poder que me foi prometido. Mas chegando lá me deparei com um monte de gente na casa, parecia que estavam fazendo um culto. Abri a porta e corri com uma faca em punhos na direção do meu amigo. Na mesma hora senti dois braços fortes me erguendo e me jogando ao chão. Era os braços do Pastor Udinésio, que a pouco tempo tinha convertido Adauto e sua família para Jesus ( por isso Adauto estava para parar de jogar video-game). O pastor gritou na minha cara um 'sai, capeta' tão poderoso que mais parecia um thu'um concentrado. Na mesma hora o diabo saiu de mim. Cai de joelhos em prantos e me converti.
Hoje estou aqui, bem,o meu amigo também está bem, estamos longe da perdição dos games. Quero deixar de alerta para os irmãos que o diabo só me possuiu para que eu matasse o meu amigo. O demônio sabia que Adauto tinha saído de suas garras pelos games e aceitado Jesus. Então ele apareceu para mim e quase me fez matar meu amigo. Por isso vos digo: esses jogos são todos consagrados ao capeta. Se afastem desse mal. Aleluia.