Quando minha avó se foi...

Pastor, este é um relato de pouco tempo atrás, nunca fui um jovem evangélico e nem nada, minha família sempre foi, mas eu sempre acreditava de que não existia um Deus, fazia faculdade de física na PUC - Rio e era um fanático por um estilo musical conhecido como Jazz, um ritmo americano que surgiu junto com o blues.

Minha família me educou dês de pequeno sobre Cristo e toda a cultura evangélica de verdade, que meus pais aprenderam indo aos cultos das igrejas Universal e Internacional, duas verdadeiras igrejas Cristãs. Minha mãe falava muito para eu tomar cuidado com os Exus e tudo mais e meu pai dizia que eu tinha que virar um homem correto para ter um casamento com uma varoa ungida em Cristo no sorteio de casais.

Pelo que soube, eu fui batizado recém nascido na piscina sagrada, acho que Deus já sabia que eu seria uma criança ímpia, eu saí de meu batismo para o hospital, onde um médico evangélico salvou minha vida. O pastor disse que poderia ser efeito proveniente de uma água não ungida, ou muito uso da piscina, já que naquela época eram cerca de 80 batismos por dia só naquela congregação (Botafogo – RJ).

Lembro que meus colegas da escola não me respeitavam, minha avó era doente e tomava um remédio chamado Gardenal, me chamavam de neto da Gardenal, nunca de meu nome, Michaellisson ou neto da Finlaldina(Minha avó), aquilo me magoava profundamente, talvez por isso eu tenha crescido depressivo e tenha começado a me interessar por coisas de jovens traumatizados durante a adolescência como escola de teatro e dublagem.

Eu era o neto mais próximo que minha avó tinha, eu sempre levava o remédio dela, nunca soube o que poderia acontecer se ela não tomasse, quando era jovem, achava que ela ia virar o Hulk e sair quebrando tudo sem dó nem piedade.

Pois bem, ano passado, eu acabei sendo chutado da casa de meus pais, completei 22 anos e não arrumei um emprego, além de ter repetido pela 3ª vez o segundo período da faculdade entre várias outras coisas que fiz e me arrependo muito, a propósito, se meu pai estiver lendo, desculpa pelo seu Dodge Magum 1979 Prata motor v8 com interior original, fiquei sabendo que deu perda total.

Em fim, após ser chutado de casa, fui morar uns meses na casa de um amigo, mas ele perdeu o emprego e teve que voltar a morar na casa dos pais, fui viver com minha vovó Finlaldina, ela me ligou oferecendo casa, já que ninguém mais da família oferecera abrigo.

Bom, o trato era simples, eu tinha que fazer as compras, levar os remédios para minha avó, cuidar da casa, lavar as louças e cuidar das plantas, ela faria comida e todo o resto do serviço de casa, vida tranqüila, resolvi aceitar a proposta de vovó, eu só tinha a ganhar.

Morei cerca de 3 meses na casa de minha avó, nesse meio tempo arrumei um emprego e comprei moveis novos, um pelo sofá Orra de couro sintético na cor preto e um notebook positivo processador Intel Celeron M 440 com 256 de memória, 40 gb de HD, gravador de CD, leitor de cartões, rede sem fio e tela widescreen 12” com Windows XP Professional.

Um dia eu estava jogando um dos meus videogueimes favoritos, o satânico Diablo 2, minha avó achegou por trás de mim e deu uma olhada na tela, quando ela viu a abertura, ela na mesma hora começou a falar em línguas e orar alto, virou para mim e disse

“Meu neto querido, o que é isso nessa máquina? Por acaso fez pacto com o tinhoso?”

Respondi:

“Não, vó é só um joguinho de RPG”

Minha avó, com a respiração ofegante me perguntou:

“E Deus aprova isso?”

Eu logo respondi:

“Deus não existe, vó”

Naquele momento minha avó parecia que estava entrando em uma espécie de tranze, ela caiu no chão e começou a se debater freneticamente, seus olhos viraram para dentro e ela começou a espumar pela boca, fiquei completamente sem reação naquele momento e me lembrei de quando era pequeno, quando minha mãe me avisava sobre os exus.

Sai correndo de medo sem olhar pra trás. Fui até a igreja e orei muito, lá encontrei um homem negro, alto vestindo um terno Armani preto com riscas brancas e um sapato feito à mão de couro de jacaré do papo amarelo. Este homem se aproximou e perguntou qual era o motivo de tanto desespero, respondi a ele e contei toda a história.

Na mesma hora, o pastor estremeceu e disse que tínhamos que ir até a casa de minha avó o quanto antes, pois ela corria risco de vida. Chegando no local era tarde demais, minha avó estava sufocada a própria saliva, o computador ligado mostrando a tela do menu do jogo, parecia zombar da cara de minha avó. No mesmo momento, o pastor puxou uma cadeira que estava próxima e jogou contra a tela do computador, que nunca mais funcionou outra vez.

Fiquei muito triste e deprimido pela perda de minha avó, chorei e orei muito, mas Pastor Genovevo me reconfortou com palavras belas e sublimes sobre o paraíso e como ela estava feliz do outro lado, por ter levado uma vida evangélica, longe das tentações do mundo capetalista.

Hoje eu me converti, larguei os videogueimes, o Jazz e a faculdade de física, hoje sou um conceituado Obreiro e consegui de novo conquistar a confiança de meus pais, que de tanto orgulho me deram até um carro, também fiquei com a casa da minha avó. Só se vence em Cristo, irmão. Pena que minha avó teve que morrer para eu ver isso.

A Paz.