sexta-feira, 12 de março de 2010

O Craque De Cristo



Meu nome é Francisco Clodoaldo Chagas Ferreira, e estou morando em atualmente em Feira de Santana, porém sou natural do interior do Ceará, e como é de se imaginar passei por altas necessidades e não tinha dinheiro pra comprar até mesmo as coisas mais módicas e necessárias. Pela manhã eu trabalhava na lavoura, ao meio dia apoderava-me do meu estilingue e ia caçar rolinhas, lambús, tizius e calangos para misturar com farinha de puba e almoçar. À tarde eu voltava para a lavoura e à noitinha ia caçar o alimento novamente. Mesmo com todas as dificuldades eu ainda tinha fôlego para ir para a escolinha à noite, e responder os exercícios pela madrugada à luz de lamparina.



Aos fins de semana eu pegava a minha jumenta e ia para um vilarejo a 20 quilômetros para fazer o que eu mais amava: praticar o futebol. Eu me sentia o cara com a pelota nos pés, dentro das quatro linhas era o único lugar do mundo onde eu era respeitado. Eu saía catando todo mundo em dribles de muita vivacidade, metia chutes colocados, bombas inexoráveis com o pé esquerdo, subia no quinto andar e cabeceava bolas altíssimas entre os grandalhões. Eu era admirado e todas as equipes do inter-rural queriam contar comigo.



Meu sonho era ser jogador profissional, mas meus pais tratavam de me desestimular. Em 1996 o nosso time chegou a final do inter-rural com 90 gols marcados em seis jogos, sendo que 53 foram meus. A final foi em Campo Sales, e a arquibancada estava lotada. Fiz 2 gols de falta, um gol entrando em diagonal deixando três zagueiros no chão e dando um toque por cima do goleiro, 3 gols de cabeça e um olímpico. E dei assistência para mais 3 gols. Ganhamos de 10 a 2.



Enquanto eu vibrava pelo título, bebendo em um só gole uma garrafa de cachaça 66, um homem mui barbudo e de barriga proeminente, usando uma camisa do flamengo, me aborda dizendo que era um olheiro do mengão, e gostou do meu futebol, disse para mim fazer as malas que meu futuro estava garantido. Não hesitei. Sorrateiramente arrumei minhas malas e adentrei no Monza do Belchior, o olheiro.



Já no Rio de Janeiro, Belchior ajeitou minha documentação, eu tinha 23 anos na época e fizemos documentos que constavam que eu tinha 16, como eu era franzino devido à desnutrição crônica, ninguém desconfiaria. Comecei a me dedicar de corpo e alma nos treinamentos. Acordava às 3 horas da manhã e fazia 200 abdominais e 200 flexões, tomava um café com biscoitos cream cracker, fazia minha oração matinal, e ia para o ponto esperar o ônibus, pegava três conduções até à Gávea.



Meu técnico era um tal de Andrade, um negro de olhos amarelados como os seus dentes, nariz alargado, e cabelos grisalhos. Treinei 5 meses e não alcancei a titularidade no sub-18. Eu me esforçava, fazia uma média de 3 gols por jogo, mesmo só entrando geralmente aos 30 minutos do segundo tempo. Eu não conseguia entender. Até que uma dia Andrade me chama para uma conversa particular, após mais um puxado treino.



- Clodoaldo, você joga muito, joga demais mesmo, é o melhor do time.



- O que é isso professor? Eu só faço a minha parte – disse já emocionado.



- Mas você não trás uma energia boa para a equipe.



-Mas professor, eu entro e arrebento todo jogo.



- Eu sei, mas tem algo na sua áurea que não está batendo. Tome esse cartão, aí tem o endereço da negra Valmira, ela que me disse que você não traz boas vibrações, então vá até ela e tente ver do que se trata.



Peguei um ônibus e fui para o bairro de Queimados, onde ficava a casa da negra Valmira. Bati à porta, e uma senhora corcunda abriu um sorriso que revelava apenas 2 dentes superiores e 3 inferiores. Não estava me sentindo bem naquele local, eu acreditava em Jesus de Belém, ele morreu por mim, e era meu compatriota, o maior brasileiro de todos, o maior ser humano que o estado do Pará já concebeu.



Valmira disse que eu tinha crenças negativas que atraíam energias negativas, eu precisava abrir minha mente para o candomblé, e ela disse que sabia que não seria fácil, mas começaríamos ali mesmo a mudar minhas concepções. Ela se aproximou de mim e mandou eu me levantar, se ajoelhou e abriu o meu zíper, já sabendo de suas intenções imorais dei 5 passos para trás, e como quem vai bater uma penalidade máxima dei um chute no seu mento (queixo), arremessando-a a 2 metros de distância e subtraindo seus últimos 5 dentes (2 incisivos centrais com as faces interproximais cariadas e três incisivos laterais relativamente hígidos).



Abri a porta e saí correndo e chorando, um filme passou em minha cabeça, aonde eu me metera? Na roda dos escarnecedores, em meio a adoradores do rei-exu, exu caveira. De volta para a casa dentro do ônibus eu via várias camisas do flamengo, e sentia uma vontade enorme de falar de Jesus para elas, de alertá-las das impurezas de seus jogadores, dirigentes, comissão técnica. Nunca mais voltei para à Gávea.



Fui até a Igreja Internacional do canta galo, e contei o meu testemunho, e disse que queria voltar para o seio do meu humilde lar. Eles me deram 3 mil reais em espécie, e eu comprei minha passagem de ônibus. Mas quando Deus fecha uma porta ele abre muitas outras. Oh, aleluia!



Voltei para o Ceará de meu Deus, e fui contratado pelo Fortaleza Esporte Clube, um dos maiores times da América do sul, onde fiquei conhecido pela alcunha de Clodoaldo. Onde para honra e glória de Cristo me tornei o maior artilheiro da história do FEC com 126 gols. Fui 6 vezes campeão cearense, vice-campeão brasileiro da série B em 2002, artilheiro do cearense em 2001 e 2003, cheguei até a aparecer na TV espírita Rede Globo por diversas vezes, ganhando um rap intitulado “rap do Clodô”.



E as bênçãos não pararam por aí, é muita unção, fui livrado da morte em 2002 quando bati meu carro e vi em sonho os querubins me falando que eu não iria morrer, pois meu destino é ser um pastor. E em 2004 fui preso por acidentalmente esquecer de pagar 8 meses de pensão alimentícia, mas fui liberto rapidamente.



Obreiro Clodoaldo.


Texto redigido pelo obreiro Lucas Nash

4 comentários:

Anonymous disse...

Ô glória, que relato ungido! Eu já sabia que o Flamengo é o time mais satânico do futebol brasileiro, mas ainda bem que a Igreja Internacional resolveu alertar o resto do país.

Anonymous disse...

aff ¬¬
Tudo o q vcs odeiam, vcs colocam q eh satanista.
Vão Todos a PUTA QUE PARIU.

Anonymous disse...

O Baixinho Clodoaldo, ele nunca anda só.
Qdo pega o Ceará, faz vovô virar vovó (8)

GodTeacher disse...

" Eu sei, mas tem algo na sua áurea que não está batendo."

Quem tem áura pulsante é anjo, nós temos almas, isso q nos diferencia deles -.-

Postar um comentário