[Testemunho] Gélson, ex-japonês - o Yniak

Meu nome é Gélson Pereira, tenho 38 anos e sou obreiro da IPI. Mas nem sempre foi só vitória na minha vida...

Tive uma infância triste, pois me sentia diferente dos outros meninos. Não me encaixava, não conseguia me adaptar. No Japão, onde cresci, as crianças eram muito crueis por causa da cor da minha pele e do tamanho da minha cabeça. Me chamavam pirulito, astronauta, cabeça d’água ....
“Nagasuki, fica de olho no Gélson porque com essa cabeça de balão ele pode sair voando.” Eu ficava me segurando em tudo que era lugar pois tinha medo de sair voando.
"Gélson, dá um sorriso senão a gente não te vê!" E lá ficava eu sorrindo o dia inteiro para eles poderem me ver.

Quando fiz 27 anos, meus pais japoneses me contaram que eu não era filho deles. Chorei muito. Quem era eu, de onde vim? Eles me contaram como me acharam quando vieram ao Brasil roubar mudas de árvores no Acre: eu estava enterrado apenas com a cabeça para fora junto a outras crianças. Quem me enterrou foram os índios Calemani em um ritual diabólico. 

 

“Filho, esqueça. Você é um de nós, sempre foi.” falou meu pai adotivo. “Cale a boca”. Empurrei o velho, que caiu. Olhando pra mim, estirado no chão, ele perguntou: “Por quê?”

Parti em busca de minhas origens no Brasil. Afiei o gume da minha faca de aço inox na chaira e procurei pelos índios na densa mata, mas foi difícil encontrar essa gente porque são nômades. Finalmente os avistei. Cheguei pelo Sul. 

 

Havia dezenas de reféns com eles. Adentrei o território deles e chamei pelo chefe. Fui andando pelo meio da tribo enquanto eles me olhavam desconfiados. Momento tenso. 

Cheguei na presença do líder, um velho cego com uma caveira na mão e um colar com vários ossos, com ar de feiticeiro e que começou a gritar. “Yniak! Yniak!”
Então o índio mais forte me atacou com o tacape, mas desviei e enfiei a faca no peito dele, acertei a aorta. Morte instantânea. Aproveitei e degolei o velhote de orelha a orelha, para desespero de todos. A partir daí minha vitória foi fácil, eles ficaram abalados e pude matar a todos. Em seguida, fui ao alojamento onde libertei os cativos. “Glória a Deus!” “Aleluia!” eles gritavam, com a Fé renovada. “Alguém fala essa língua bárbara desses bugres? O que quer dizer Yniak?” perguntei. Disseram que significa “homem negro com a faca afiada que irá dizimar a tribo dos Calemani” segundo uma antiga profecia.

Estava desolado. Agora que matei todos, nunca iria encontrar respostas de meu passado e não tinha para onde ir. Chorei de novo.
“Você é o Gélson Pereira?” perguntou um velho. Respondi com um sorriso incrédulo. “Nunca esqueceria essa cabeça, fui amigo de seus pais”.
Foi assim que descobri que meus pais foram pastores evangélicos muito respeitados, e que a terra dos índios era rica em ouro de aluvião. Vendo o por do sol no rio Juruá, recebi o chamado de Deus para a vitória e hoje sou um soldado de Cristo.

Espero que meu testemunho possa salvar vidas, para a glória eterna de Deus.

A paz.