sábado, 4 de agosto de 2012

Testemunho: Umbanda, cocaína e tentação da carne

Pastor Clodoaldo Malafaia.

Desde pequenino frequento a Igreja do Primeiro Impacto. Abri minha carteirinha de vinzimista no mesmo dia em que me tornei profissional autônomo, aos 12 anos, engraxando sapatos na Sé. Devo lhe dizer com todo o respeito que foram escolhas sapientíssimas pois daquela época em diante nunca sofri de maleita espiritual e tenho saúde de ferro. Quando completei 36 pude mesmo crescer na vida comprando meu primeiro carrinho, um Uno Mille 1999 motorização mil, batido na traseira, com desnível no eixo, mas bem potranqueiro, do jeito que as varoas estão caindo em cima.


Mas deixando essa história de lado, quero dizer para o pastor que teve pouco dia pior do que a vez em que no templo apareceu esta mulher chamada Francineide. Ela era ex-obreira, recém-convertida no fogo da pira ungida, ex-prostituta, ex-freira, ex-consumidora de psicotrópicos (Magnopyrol), entre outros feitos que nem sei se são verdadeiros, amigo Clodoaldo. Mas não me impressionei. Não quero ser inadequado e falar da Bíblia católica, mas estou certo que além dos Eclesiásticos tem algum outro versículo proibindo as mulheres de entrarem no templo pra abrir a boca, pois quando o fazem, saem só bobagens.
Francineide insinuava-se em minha direção, fazendo gestos obscenos e muito frequentemente dirigindo-me a palavra de maneira direta, para me constranger na frente dos irmãos. Imaginei que a razão para isto fosse meu feitio bem apessoado e musculoso (natural do meu trabalho, na época, de assistente de pedreiro), mas ainda faltava-me a certeza.
Um dia, estava preparando para adentrar-me no veículo quando Francineide apareceu diante de mim.
- Irmão, não pude deixar de notar que você olhava para mim durante todo o sermão - ela disse, levando o dedo à boca, do jeito que mulher safada faz.
- Eu estava prestando atenção.
- Não é verdade, você quer fazer amor comigo.
Recuei por alguns instantes, apoiando-me na lateral do carro.
- Eu nunca pensei em coisa assim!
- Está mentindo.
Na hora meu rosto me denunciou, pois realmente era aquela a verdade. Então ela empurrou-me para dentro do carro, deixando os sapatos escaparem e nossos corpos juntarem-se calorosamente. Mas o pior, pastor, é o que ainda não contei. Francineide tinha 69 anos. Fazer amor com ela foi como penetrar em um maracujá, e disso eu entendo, pastor (passei minha puberdade na Bahia). Quando terminamos o ato sexual e nos despedimos no estacionamento vazio, levei minhas mãos à cabeça e bateu um arrependimento tremendo. Orei muito aquela noite para que Jesus Cristo descesse dos céus e me solapasse na nuca com força tamanha que me fizesse esquecer daquela infame hora.
Nas vezes seguintes em que fui ao culto, Francineide continuava a procurar-me, me inquirindo por relações sexuais. Eu sempre negava e tentava escapar, mas sua insistência era implacável. Parecia não ter nenhum amor por Deus e eu cada vez imaginava mais que sua única intenção de ir ao templo fosse me seduzir para que dormíssemos juntos outra vez.
Para piorar, pastor, aquele era o único templo acessível à minha casa, pois o outro ficava em cima de uma ladeira e meu Uno não subia nem de primeira. O dinheiro que eu tinha guardado para aumentar o possante e instalar "neon" ia todo no vínzimo, que era bem gasto, mas me limitava a todos os dias ter de passar uma hora inteira recebendo suas insinuações. Aliando isso a meu fetiche temporário por "granny" (e BBW também, o que batia com a silhueta redonda de Francineide) o senhor pode compreender que meu infortúnio ia além das resistências que um homem pode suportar. Então ao longo de semanas cedi aos seus encantos e voltamos a ter relações.

No fim daquele ano entrei em desespero. Caminhei desorientado pelo centro da cidade até acidentalmente encontrar-me no umbral de uma loja de artigos umbandistas. Relatei o ocorrido para o atendente, que gargalhou durante mais de trinta minutos e então concordou em me ajudar. Deu-me um pó branco e contou-me de uma macumba infalível para livrar-se de Francineide - cobrou-me um cheque de R$ 500,00 que nunca foi compensado.
No próximo domingo fui novamente ao templo e após termos encerrado o ato sexual, ocultei em seus pertences um pequeno pacote com o conteúdo enviado pelo macumbeiro. Dali segui suas orientações, ligando para a polícia. Naquela noite Francineide foi presa por porte de cem gramas de cocaína diluída em bicarbonato de sódio, recebendo a sentença de traficante. Mesmo os advogados da Malafaia Consultoria Jurídica S.A. não foram capaz de safar-lhe, pois ela tinha longo histórico de consumo de entorpescentes durante sua vida mundana.
Meu cheque em branco acabou parando na mão de um traficante local, que terminou por assassinar o umbandista. 
Pastor, não sei se agi corretamente ou não. Ainda sinto falta do corpo voluptuoso de Francineide, aninhado na traseira de meu Mille como um cobertor de elefante. Por favor, mantenha este e-mail anônimo, o traficante ainda está a minha procura.

Kleyton da Silva Melo

2 comentários:

Anônimo disse...

Bota a cara pra morrer pastor. Suas ofensas mexeram com quem não devia. Agora sua cabeça foi oferecia a prêmio, e vou ter o maior prazer em meter duas balas na sua cabeça, isso é claro, depois de matar toda a sua família na sua frente. Uma hora eu te acho. E seu Deus de merda não vai livrar sua alma de toda a dor que vou fazer você passar...
Que fique bem avisado. Seus dias estão contados...

Rodrigo Hyppolito disse...

Belíssimo testemunho. Que seu caminho seja iluminado à partir de agora, irmão.

E quanto ao anônimo acima, torço para que Deus lhe mostre o que é correto e ajude-o a abandonar esta vida ameaças e violência. Rezarei por ti.

Amém.

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