Tempo para morrer – vivendo intensamente.

Confesso que nunca fui fã de esoterismo e nem nunca acreditei em coisas da internet, mas eu sempre acreditei em tudo que era pago, sempre fui a favor do ditado "Se conselho fosse bom, não era de graça". Na época do ocorrido eu era um sujeito de pouca fé, católico, viciado em Orkut e ainda por cima ouvia Axé baiano, perdia pelo menos umas 6 horas por dia ouvindo essas porcarias, todo final de semana eu ao invés de descansar para voltar ao trabalho durante a semana, ia para festas de rodeio, ou então pras boates, sempre uma noitada regada a álcool e prostitutas.

Certo dia, após uma noitada muito agitada, eu estava conversando com uma gata que conheci na festa no MSN quando vi o anuncio na aba inferior "Saiba quanto tempo você tem de vida". Cliquei lá, mas para saber quanto eu ia viver tinha que pagar uma taxa e eles mandariam o resultado por SMS para o meu celular Vivo. Fiz o teste, os cálculos e... EU SÓ TINHA MAIS 10 ANOS DE VIDA! Como? Eu tinha 22 anos, ainda era jovem e belo, não poderia acabar daquele jeito. Mas se o teste disse, existia uma chance de acontecer.

Decidi então que viveria intensamente, vendi minha casa, larguei meu emprego, vendi tudo o que eu tinha e fui curtir a vida. Peguei meu Chevrolet Monza 1985 cinza à álcool e decidi viajar pelo Brasil à fora, sai daqui de São Paulo – SP, passei em vários lugares, fui até Minas Gerais, curti o carnaval lá, pegando várias mineiras e comendo pão de queijo até não dar mais, enchendo a cara de caninha da roça, vivendo como se não houvesse amanhã.

De Minas Gerais, fui até Brasília –DF, onde curti em vários bordéis com prostitutas de primeira classe, trabalho executivo digno de políticos corruptos que gastam os cofres públicos lá, peguei 5, de noite fui até o palácio do planalto e mijei na entrada quando os seguranças não olhavam, quando estava saindo de lá, surgiram 3 seguranças gigantes, pareciam gorilas, que me algemaram e me levaram para a delegacia.

Lá, o delegado me interrogou e fez o teste do bafômetro, que apontou 3,5, eu estava tão bêbado que estava vendo tudo dobrado, até a visão dobrada estava dobrada. Passei a noite preso, até que na manhã seguinte entrou um homem na delegacia, entrou e cumprimentou os policiais, foi até a minha sela e disse:

 

"Meu deus, o que é isso aqui? Esse jovem corre risco de vida! Tirem ele daí!"

Era um homem negro com cabelos longos, trajando um terno Armani preto e carregando consigo uma maleta com a seguinte frase "Sou evangélico, sou cristão". O homem era pastor Roberval, que na época era candidato a deputado estadual pelo PRB, um partido ungido com todo o apoio do ainda mais ungido, pastor Crivela.

O mesmo ordenou que os policiais me soltassem e naquele momento começou a evangelizar, encheu nossos ouvidos de palavras belas e sublimes e me levou para a sede da igreja internacional, onde me batizei nas águas santas da piscina sagrada e recebi o perdão de Cristo por ser um homem tão terrivelmente pecador, hoje em dia sou um homem santo, pastor da Igreja Internacional e casado graças ao sorteio de casais. Recentemente fiz o tal do teste da morte de novo e ele deu que eu só morreria daqui a 100 anos! Ô glória!