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domingo, 22 de novembro de 2009
A Unção do Charlatão
Minha mãe era mãe de santo e meu pai era um alcoólatra, minha irmã mais velha uma prostituta e só eu. Que tive uma grande chance na vida: Meu pai arrumou um emprego muito bom e minha irmã ficou de bancar meus estudos com o dinheiro que ela ganhava se prostituindo na faculdade de psicologia, acho que é isso que se faz nesses tais “estágios remunerados”.
Após me formar, arrumei um emprego de ajudante de vendedor de sapatos na Di Santine de perto da minha casa. Foi aí que comecei a aprender a ser enrolão e mentiroso. Comecei dizendo que não tinha o All Star baratinho que o cliente pediu, dizendo que valia a pena a compra daquele Nike 12 molas vermelho horroroso que custava o olho da cara, que eram só 180 R$ a mais, as vezes dava certo, mas eu sempre vendia um tênis mais caro.
Depois parti pra malandragem nas ruas, fazia aquele joguinho do copo que é o ápice da malandragem já inventada, vendia lâmpada mágica, imagem de santo, vendia bala Valda como Viagra, dava talco para viciados em Cocaína, coisas do gênero.
Mas um dia eu me meti com a pessoa errada... Fui fazer meus joguinhos demoníacos na frente de uma Igreja em Copacabana. Era um jogo infalível encontre a dama usando 4 ases e o velho elástico na manga. Não precisei esperar muito e saiu da Igreja um homem negro e alto, trajando um terno Armani Preto e levando consigo uma maleta de couro da Victor Hugo, eu olhei para ele e disse:
“Ei, senhor, você parece um homem esperto, gostaria de tentar a sorte?”
O senhor logo me responde:
“Jogos de azar são falcatruas do demônio, meu jovem. Saia dessa vida e converta-se!”
Fazendo-me de sínico, eu disse:
“Meu senhor, respeite minha profissão, faço um trabalho honesto e bondoso, proporciono diversão a pessoas inteligentes.”
O homem logo se aproximou e disse:
“Meu jovem. Vamos fazer o seguinte: Se seu trabalho for realmente honesto, eu lhe dou esses 3000, mas, além disso, você também tem que me ganhar, se eu descobrir alguma falcatrua você vai se converter.”
Balancei a cabeça em sentido de concorde, aceitando a proposta do homem.
Mostrei a ele a dama que estava presa a um elástico que fazia com que ela voltasse para minha manga e em cima da dama tinha um ás de ouro. Mostrei a dama e acionei o dispositivo, embolei as cartas e fiz o sinal para o homem escolher.
Ele achou o Ás de ouro que seria a dama e disse:
“Mas não é uma vergonha, isso? Onde está a dama, meu jovem?”
Acionei o dispositivo em sentido inverso e pus a dama em baixo de um Ás de espadas, mostrei para o pastor.
Naquele momento eu nunca pensei que aquilo fosse acontecer. Utilizando técnicas de artes marciais, talvez Muay tai, ele me agarrou pelo braço e me jogou por cima de seu ombro, aplicou em mim uma chave-de-braço e me imobilizou, rasgou meu casaco ADIDAS preto e exibiu o dispositivo para alguns fiéis que estavam ali presenciando a jogatina.
Naquela hora ele começou a gritar palavras belas e sublimes de fé e me levou para dentro da igreja. Mas como eu estava possesso, eu resistia para que não me arrastassem à piscina sagrada, tiveram que me acorrentar e me vestir uma camisa de força. O pastor me levantou com os dois braços e me arremessou no meio da piscina. Depois de 20 minutos eu consegui finalmente me libertar, saltei para fora da piscina um novo homem.
Hoje em dia sou Pastor da Igreja Internacional, tenho 3 filhos, todos homens,que estão aprendendo o oficio dês de cedo as manhas da profissão santa de pastor em uma Igreja Evangélica, a honestíssima e santíssima IURD.
A Paz.
sábado, 21 de novembro de 2009
Sobrevivente do Apocalipse zumbi
Pastor, meu nome é Beiripaulo e tenho 12 anos, sou do Rio de Janeiro, fiel do reteté e freqüentador assíduo do templo de Copacabana.
Pode parecer loucura o que vou dizer agora, mas quando eu estava saindo do meu curso de Montagem e manutenção de micro na Igreja Internacional e me preparando para ir para casa, eu vi algo que achei que só existisse em filmes: Uma invasão de zumbis. E o pior: Bem no dia de finados, dia 2 de novembro, muita coincidência.
Olhei para a horda que parecia não notar algumas pessoas e vi que eles estavam atacando os ciclistas e gritando palavras de adoração a satanás. Notei que eram Zumbis demoníacos, pois muitos deles aparentavam ser otacus e emos. Criei até uma teoria sobre a situação: Talvez algumas almas malignas tivessem fugido do inferno para comer a carne dos vivos e arrastar suas almas para o inferno em seu lugar.
Os demônios estavam a solta atacando pedestres e gritando coisas obscenas no dialeto demoníaco, eu presenciei aquela cena toda e só pude me esconder. Agarrei uma garrafa quebrada e fui me esgueirando pelos cantos. Até que uma hora um grupo de 5 zumbis me avistou e um deles disse algo que pareceu ser “Um forasteiro!”. Soltei meu grito de guerra e parti pra cima dos zumbis com a garrafa. Furei todos eles, um-a-um utilizando técnicas de jiu-jítsu. Após ter derrotado o mal, saí correndo dali.
Voltei em disparada para a Igreja e lá eu avisei o pastor do que estava acontecendo lá fora. O pastor Genovevo me chamou para um abrigo anti-bomba e me trancou lá com ele e a filha dele, Jundára, ficamos lá até a noite passada.
O Pastor estava filmando tudo para mostrar o sofrimento dos sobreviventes, disse também que pelo bem da humanidade e u e Jundára deveríamos perpetuar a espécie a partir daquele mesmo momento. Obedeci todas as ordens do pastor, pois queria mais era sobreviver aquela terrível situação, tivemos que comer milho e ervilha enlatada da Cica com Nissin Lámem, o verdadeiro miojo, durante todo esse tempo.
Nas noites quentes aqui do rio a temperatura interna do abrigo chegava a insuportáveis 45 graus, tínhamos que nos reidratar a cada 3 minutos e revisar em turnos para vigiar a porta. Sem contar que eu não tinha privacidade para nada, pois o pastor ficava filmando tudo sempre, se eu ia no banheiro, ele tava me filmando, se eu tava batendo uma, ele tava filmando...
Depois de tanto tempo, ontem finalmente descobrimos que a invasão havia acabado e que não precisaríamos continuar por lá, voltei para casa feliz e com uma dívida com o pastor, já que o aluguel do abrigo anti-bomba da igreja é de 450R$ por dia. Mas tenho certeza que meu pai vai pagar, como somos todos evangélicos do reteté em minha família e meu pai também sobreviveu ao apocalipse, podemos voltar a viver na nova terra sem as infestações zumbis.
A paz.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
A pedreira do diabo
Aqui eu nunca tive muitas oportunidades, pois sou de familia pobre, não consegui completar o ensino médio, mal completei o fundamental e meu pai me obrigou a trabalhar com ele na pedreira do diabo.
Na época eu tinha 15 anos, era muito novo, e não sabia como a vida funcionava direito, só seguia as ordens do meu pai. Meu pai era um sujeito frio,sovina e esquentado. A única vez na minha vida que ouvi um "Tô orgulhoso de você, filho" foi quando eu terminei o ensino fundamental sem nenhuma nota abaixo de 7, o que rendeu a nossa familia 5000 reais de incentivo para pagamento dos estudos. Fazia parte de um programa do governo que foi cancelado no ano de 2001.
Nunca soube ao certo o que meu pai fez com aquele dinheiro, sei que nunca o ví. Voltando ao assunto, quando comecei a trabalhar na Pedreira do diabo, perguntei ao chefão (Meu tio Indiosmar) porque a pedreira tinha aquele nome.
Meu tio disse que antes dele comprar a pedreira, o antigo dono contou a ele a história da pedreira do diabo, 3 crianças filhos de espírita foram sacrificados naquele lugar por seus pais em nome de Exu caveira, então aquela pedreira ficou conhecida como Pedreira dos Sacrifícios, 3 anos mais tarde, os pais foram encontrados mortos com símbolos Satanicos rasgados no peito, então foi mudado o nome para Pedreira do Diabo.
Eu morria de medo daquele lugar por isso, mas meu tio vivia dizendo que era zombaria do povo, que nada daquilo foi comprovado, que não passava de hsitória da caroxinha. O tempo foi passando, explosão vai, explosão vem, meu tio lucrava muito com aquele lugar, todos trabalhavamos muito, mas só meu tio ficava com o lucro. Quando um dia, estava eu e meu amigo Juliceu almoçando na boca da caverna, quando ouvimos gritos vindos de lá de dentro, pareciam gritos de dor.
Fomos verificar o que era, estávamos sem lanternas e Juliceu tinha 3 graus de miopia, e não tinha óculos. Entramos na caverna, Juliceu foi na frente, vimos a sombra de um homem que gritava “Me ajudem! Me ajudem! Eu fiz merda e preciso de ajuda! Juliceu! Marcelino!” Naquele momento Juliceu gritou “FANTASMA!”, saímos de lá correndo com a espinha gelada. Pegamos um punhado de Explosivos e detonamos a caverna.
No mesmo dia eu e Juliceu pedimos demissão e fomos procurar orientação, íamos ao centro espírita do paínho Juracir Irinéus das almas, mas no caminho, correndo feito loucos no meio da rua, trombei com um homem negro, alto trajava um terno terno Armani Preto com uma camisa social cinza e uma gravata também preta, que sorrindo disse para mim “Que isso, meu jovem? viu um fantasma?”.
Eu e Juliceu, com cara de assustados respondemos juntos “Sim”. O homem com uma cara de espanto nos disse: “foi na gruta do diabo, foi?”. Eu e Juliceu novamente respondemos juntos, tremendo de medo “SIM!”. Aquele homem então sacou uma bíblia branca de couro escrito “A Bíblia Sagrada” em diamante e com uma cruz de prata reluzente na capa e começou a rezar. Eu e Juliceu, como éramos espíritas, tentamos ir embora, mas o homem nos impediu.
Disse que precisávamos ir urgente até a Igreja com ele. Chegando lá, contei todo o relato para este homem, que era nada mais nada menos que pastor Silas, que na época estava inaugurando uma nova sede da Igreja Internacional em Itaitinga. Naquele dia eu me converti a igreja de Cristo. Me tornei Obreiro, terminei o ensino médio, fiz diversos cursos de qualificação profissional na Igreja e hoje em dia sou um conceituado pastor na Igreja Internacional.
Infelizmente depois que me converti, nunca mais encontrei meu pai, até hoje a policia não tem nem idéia de onde ele esteja e meu tio vendeu a pedreira do diabo, em breve vão transformar o que sobrou dela num Shopping Center. Mas shoppings são obras do tinhoso, então com certeza, estarei lá para transformar aquele lugar em mais uma sede da Igreja Internacional.
Glória.