Fiel Pergunta: A Mudinha

Pastor Clodoaldo,

moro no interior do Mato Grosso, cuja cidade não intento revelar, para minha própria segurança, ao lado de minha mãe e meu pai. Sou maior de idade, mas ainda não trabalho, contudo meus pais são dizimistas regrados em Cristo e sempre contribuem com a Obra.

Minha mãe é do lar, meu pai gerente de uma loja de tratores e equipamentos agrícolas. Por ocasião de seu trabalho, ele viaja muito e pouco pode passar com a minha mãe, pois tem muitos encontros com sócios, funcionários, etc. Foi em razão do ofício que um dia fizeram-lhe a proposta de acomodar um comerciante e sua esposa, que por serem evangélicos recatados recusaram-se a ficar em hóteis ou pousadas, ou qualquer outro tipo de estabelecimento mundano. O homem era crente fervoroso, trazia a Bíblia a tira-colo e orava antes de tudo, antes de comer, de dormir, de fazer negócio, de subir escada. Ele sonhava em ser pastor, mas aguardava a sua vocação espiritual (receber Cristo em sonho).

Pois bem, o negócio é a esposa dele. Ela era surda e muda, não se comunicava com gente alguma, pois não conhecia nem mesmo a língua dos gestos. O marido a tratava como lixo. Forçada a vestir um saiote de pano que ia até a canela, e sob este um ainda mais longo que chegava ainda aos pés, cobrindo o busto uma grossa malha, nenhuma jóia ou maquilagem, tudo para não atrair a atenção dos outros homens (mau-olhado). Não tomei conta dela pois sob tamanha vestimenta a moça realmente não se destacava, e poderia ser tachada de feinha, e assim levei o primeiro dia sem qualquer incidente.

No dia seguinte, levantei-me como de natural e percebi que a mulher tomava banho. O Diabo me tentou pela primeira vez e não resisti em espiar o buraco da fechadura. Tomei um grande susto ao perceber que tratava-se de uma rapariga mui atraente, com pernas grossas e peitos volumosos e redondos, tão proeminentes quanto a largura das ancas.

O Demônio me possuiu nesse momento, pois enquanto ela saía do banheiro, adentrei-me no toalete e tive nela relação sexual. Para meu espanto a moça ainda era virgem e sangrou como um cordeiro de imolação, mas como era surda-muda e analfabeta, ninguém além de nós soube do ato. Era a primeira moça casada e virgem de que tive notícia, e o que seria quase um sonho para os homens, para mim foi um pesadelo, pois agora vivo com medo que Deus me castigue.

O que posso fazer para expiar minha culpa? Haverá salvação para mim?

Sérgio

Irmão Sérgio,

quando tratamos de casos como este, acabamos concluindo que a moça foi a responsável, por ter se trajado inadequadamente, por ter manifestado interesse sexual, seduzindo o varão. Neste caso, contudo, não percebemos este comportamento. A mulher, a quem o senhor se refere que o marido "trata como lixo", é um exemplo de esposa cristã reservada e temente a Deus.

Embora não seja a favor de uma moça casada estar virgem, enquanto Deus nos ordena a procriação (vide Gênesis), acho que esta decisão cabe ao espôso, que deve julgar e utilizar a mulher, na forma de propriedade sua, como bem entenda.

Quanto ao teu caso específico, vou partir para a distribuição de culpas, das menores às maiores:

- Espôso: Tem a menor parcela de culpa, por ter agido correctamente como varão, por ter a Bíblia como pilastra de apoio de seu casamento. Contudo, ao trazer a mulher à casa de outro homem e pô-la em contato com um jovem solteiro, favoreceu a entrada de Satanás. Recomendo apenas mais cautela ao pobre homem enganado.

- Seus Pais: De facto, sua mãe mais que seu pai, pois assim como Eva fez Adão trair a Deus, é em geral da fragilidade feminina que Satanás toma proveito para se infiltrar numa família cristã. Permitindo a entrada de filmes americanos, jogos de videogueime, RPG e qualquer forma de mídia do diabo, incutiram em sua mente pensamentos da ordem semântica sexual. Recomendo a seus pais que livrem-se de todos estes pertences demoníacos e promovam o vosso casamento com uma moça evangélica. O modo mais rápido é através do sorteio de casais.

- Envolvidos: Tanto tu quanto a moça são culpados no caso, de maneira igual.
Lembremo-nos de Deuteronômio 22: 23-24:

"Quando houver moça virgem, desposada com algum homem, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis com pedras, até que morram; a moça,porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti."

Embora o apedrejamento tenha caído em desuso, e não mais as cidades contém portas nas muralhas, como no tempo das escrituras, a lição de Deus vale igualmente. Sugiro a ti que redobre a contribuição e ore muito. Em tempo, Deus o perdoará, se houver tido efeito na Obra, e provado arrependimento. Quanto à moça, embora não tivesse intenção, agora é impura. É preciso um desencapetamento pesado para que volte a deitar-se com o espôso, sem que a alma dele também se perca.

Pr. Clodoaldo Malafaia,
pastor e advogado de Cristo