sexta-feira, 8 de julho de 2011

Espiridião e o Trabuco Santo

Para meu amigo íntimo Pr. Clodoaldo Malafaia, a quem devo muito apreço.

Em meados dos anos 80, encontrava-me gostando de uma moça chamada Gracinda. O amor mundano é coisa do Diabo, já dizia o pastor, verdade mais que isso não há. Esta mulher era das mais amplas qualidades, a pele bronzeada, cabelo cor de mel, os olhos pretos de cabrita, seios pequenos destacados sob o pano do corpo. No sertão da Bahia, aquilo era mulher disputada, causa de brigas e guerras, duelos e trielos, da risca de faca à quentura do chumbo. Foi numa destas situações que me vi envolvido, tudo por causa do amor desta formosa, que nem me era merecida, por ser da vida, por não ser de Deus.

Depois de um ano de cortejos Gracinda, sem me dar entendimento, juntou-se com um bandidão bahiano. Meu coração ficou cortado. Pensei em largar tudo, abraçar o celibatário.

Aqui na Bahia há muitos templos católicos, e foi num destes que busquei refúgio num dia desses, para conversar com o padre, que eu queria entrar pro seminário, que eu queria me encaminhar pra Deus. Não sabia ainda que os católicos eram ritualistas, não conhecia os evangélicos, para mim Cristo era aquilo, estátua de gesso sobre o altar doirado. O padre então me deu as instruções, saí combinado, passei no bar, tudo certo.

No dia seguinte fui comprar a passagem de ônibus para ir ao seminário, paguei em espécie, levei os bilhetes na mão. Atravessei o pátio, e vi o povo se acumular, liderados pelo Baltasar, afamado bandido da região, homem de Gracinda.

"Você mexeu com a minha mulher", e veio a acusação.

Neguei veementemente, mas não houve caso. Disse ele que no dia seguinte eu bebera no bar e entre umas e outras começara a bolinar Gracinda, passando a mão no traseiro, dizendo obscenidades, coisas que eu nem conhecia. Falei que o homem estava afastado da verdade, aquilo não se fazia, eu almejava ser padre, era quase um santo, mas ele decretou:

"Amanhã te corto as tripas, filho d'uma puta!", e o duelo estava marcado.

Naquela noite não dormi, pensei em loucuras, mas Deus já firmara para mim o seu plano. Baltasar queria me encontrar no centro da cidade ao meio dia, para que a cidade inteira me visse virar carniça no sertão. No momento até trepidei, mas a voz do povo me jogou pra frente. Disseram que o duelo era sem falta, se eu matasse podia virar herói do sertão, com a qualidade do tiro até deputado ou senador, pois há muitos políticos grandes da Bahia que já foram do hábito da pistolagem, e uns outros que ainda são.

Cinco minutos pra hora certa, as crianças ao redor, farinha e charque no prato, os olhos no meio da vila, os corações em ansiedade. Eu que nem arma tinha, uma me arranjaram, um revólver velho com uma bala só. Não sabia nem operar a arma, não tinha coração para matar, mas fui pra frente, a voz do povo me empurrando, comerciantes colhendo apostas.

Foi então que veio Baltasar, com uns homens outros, o delegado ameaçou apartar, mas com um dedo apontado tudo se acabou. Segurei o revólver no punho, prendi na cinta de couro comido, arfando como o cão.

"Vai morrer, cabra!"

E eu clamei, com muita Fé: "Jesus, me acode!"

Pôs-se de imediato um alvoroço tremendo. Da direção da igreja caminhava uma criatura que homem algum pensaria em ver vivo, pisando naquela areia. Era o Cristo de gesso da igreja, liberto do estado petrificado, as mãos e pés pregados em sangue, sobre os dedos a cartucheira carregada, andando como se de carne e osso.

Baltasar pôs-se de joelhos, mas não foi poupado, pois Cristo lhe mandou logo um tiro cheio no bucho. Não houve cheiro de pólvora, nem nuvem esfumaçada. Foi um disparo espiritual, como mais tarde veria os pastores fazerem, e foi-me ensinado também. Baltasar sem sangue nem ferida abraçou a terra e desfaleceu, morto imediatamente, e todos se prostraram ao redor dele, o Cristo de gesso que caminhava.

Cristo então professou as multidões sobre o perigo da Fé católica, da vida secular, dos pecados. Sentenciou que Gracinda fosse morrer mísera, vendendo o corpo por trocados, e eu fosse o condutor daquele rebanho, conduzindo o Povo ao Céu.

Diante de tamanho milagre, saí da Bahia imediatamente e me tornei pastor da congregação que mais tarde seria a Igreja do Primeiro Impacto. Desde então sou um dos mais conceituados ministros evangélicos de São Paulo. Cada vez que conto esta história, vejo um fiel convertido, e de um e um vamos para o Céu, todos juntos. Às vezes reencontro o Cristo de gesso, falamos juntos no sonho, acordo em lágrimas. Vejo o seu trabuco santo, descansado sobre a ombreira, e os cabelos tão compridos. Tão lindo o Cristo!

Pastor Espiridião Azevedo

7 comentários:

AnjoDARK Gabriolis disse...

Vocês são uns loucos varridos! Que história tão mentirosa!
E esse Jesus com uma arma na mão, aos meus olhos é uma autêntica blasfémia! :(

sarita mascarenhas disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
essa piada foi sensacional!
Cristo de gesso!
hum cláudia senta lá!

Anônimo disse...

Glórea.... Eu já avia visto esa técnica de tiros espirituais em outros vídeos :

http://www.youtube.com/watch?v=kWKLpP2eino


http://www.youtube.com/watch?v=EPX6r1aa2Yg

joão paulo disse...

Tiros de fé pura podem destruir qualquer mal!

Gloreas!

Anônimo disse...

Pastor, que belo testemunho!

Infelizmente esses ímpios não sabem diferenciar coisa boa e não comentam em tão belo testemunho.

Enfim, quando acabar a epoca de provas você terá novamente seus fiéis de volta.

filismino ipi goiania disse...

meus oleos estao umedos! ! DEUS E MAIOR GENTE

Anônimo disse...

estória de armas, verdade terta?

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