sábado, 5 de março de 2011

Tião Caminhoneiro

Pastor Clodoaldo Malafaia.

Entre meus defeitos afirmo que sou um pouco vaidoso. Sim, gosto de roupas de grife, bons sapatos e adereços, ficar em alto estilo - pratico também exercícios anaeróbicos com galão de água em minha residência, pra ganhar tônus e o mulherio. Mas o espelho é um antagonista poderoso: não pude notar o reflexo proeminente de minha barriguinha. Estar no sobrepeso me incomodava. Não gostava de me sentir fofinho, malhava já fazia duas semanas e sentia os braços ganhando uma certa massa: mas e o abdôme? Para dar um fim na pança inconveniente, iniciei a prática de esporte, pois como dizem, esporte é saúde.

Combinei com meu tio e seus amigos e fomos bater uma bolinha. Na hora decepcionei: sou mesmo perna-de-pau. Não acertava nada. O único que me estimulava era o centro-avante Tião Suassuna, caminhoneiro e obreiro. Era um destes ex-gueis curados no Evangelho, extremamente macho, viril. Possuía cinquenta e tantos anos mas aparentava ter muito menos. Incrível como um homem destes não arruma esposa, pastor, mas vai saber.

Depois do jogo, Tião Suassuna veio ter comigo. Conversamos muito. Não falamos de religião ou coisas assim, tratávamos de assuntos de macho: musculação, atletismo, moda masculina, etc. Os interesses em comum em muito surpassavam a tênue diferença de idade (eu na época possuía dezessete anos), e laços afetivos permanentes estabeleceram-se entre nós dois.

Um mês depois do primeiro jogo, no caminho de volta, Tião ofereceu-me carona em seu Scania. Veículo possante, acostumado a atravessar sertão de ladeira, estrada esburacada, salpicada de cascalho, lamaçal e tudo mais que Deus põe no mundo. O campo ficava a apenas 3 km de minha residência, mas Tião avisou que havia acertado um compromisso anterior; aceitei e aproveitei para dar uma volta na estrada. Incrível, mas mesmo um caminhoneiro experiente às vezes se engana, e passamos três horas perdidos no meio do mato. Quando já estava muito escuro, acontece o pior. O caminhão morre.

- Não dá pra voltar?

- Não. Mas não se aveche, menino, pernoitamos na estrada e amanhã, tudo novo.

Gostava de sua companhia e não me incomodei. Por sorte o caminhão de Tião morreu em uma ladeira a poucos metros de um motel e ele pôde soltar o freio de mão e estacionar o bichão na vaga. Mas por azar, pastor, o motel estava cheio. Restava apenas um quarto. Combinamos que por razão de hombridade, estava tudo certo, mas ele dormia no tapete e eu na cama. Tião serviu-me um chá bem doce e então adormeci tranquilamente; dezesseis horas depois estava desperto e sadio, entramos no caminhão e nos mandamos. Passada uma hora de nossa saída, algo me incomodava.

- Tião.

- Quê, menino?

- Tô com uma dorzinha aqui, localizada...

- É...? O que?

- Na traseira.

- Hehe. É culpa do assento do caminhão. É duro mesmo.

De fato, pastor, todas as vezes em que andava no caminhão de Tião, sentia essa dorzinha no bumbum. Mas o gostoso é ter o vento no rosto, essa sensação de liberdade e masculinidade que só é propiciada pelo ofício da fretagem. Nas férias, passeei pelo Brasil inteiro ao lado de meu bom amigo. Até conheci sua família em Pelotas, e o local onde ele costumava trabalhar no tempo da doença guei, a clínica de estética Biutiful Hair. Oro muito para que os funcionários de lá também um dia reencontrem o caminho da retidão, como meu leal amigo.

Contei outro dia a Tião que tenho anseios breves de me tornar caminhoneiro. Veja bem: dá respeito, alegria e além do mais, não precisa de muito estudo. Suassuna fez só até a quarta-série, e eu já fecho o segundo grau. Com esse curriculum, viro doutor em fretagem.

Gustavinho

8 comentários:

Anônimo disse...

Cliquem no meu nome

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

é isso aí gustavinho fico feliz por vc, que bela amizade. gloreas a Jesus.

Anônimo disse...

tem um nome pra uq ese caminhoneiro te fez, boa noite cinderela, e te estuprou viadao

Anônimo disse...

a é, e esse post tambem reforçou a ideia de que essa igreja o blog e tudo mais é fake.

Anônimo disse...

"- Tô com uma dorzinha aqui, localizada...
- Na traseira.
- Hehe. É culpa do assento do caminhão. É duro mesmo."

tá de brinks, né??

Jnporfirio disse...

Glórea a Deus!

Anônimo disse...

kkkkkkkkk

o caminhoneiro meteu a vara

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