A Morte pede carona

Pastor, eu curtia sair fins de semana com os amigos da Cohab , de cair pra pista e beber umas cervas gelada,virar RédiBul com Rédileibou, fumar um beck com orégano, fazer suruba de cinco malucos com uma novinha e jogar pedra em puta travecão na Brasil: coisas típicas dos jovens de hoje.

Todo mundo sabe que hoje em dia só pega mulher maneira quem tem um carro legal porque não existe uma novinha que não seja mercenária, assim , sempre saia com os amigos que estavam motorizados, pra dixavá minha situação de atendente de telemarketing. Admito que nunca fui muito chegado a transporte público e a grana não dava pro taxi, a carona era a solução.

Um dia , doidão de tanta cachaça com amaciante Omo, voltava da night e percebi que minha carona tinha metido o pé , deixando eu e mais um amigo, o Cleito, na mão. Não passava nenhuma van , nem kombi, nem taxi que não estivesse lotado. Vimos passando um caminhão caçamba, daqueles de carregar material de construção, com vários moleques em cima, pegando um bonde. Virei pro parceiro e dei a idéia: Já é pegar um bonde de caminhão?Passou outro e subimos na caçamba.

Foi a maior loucura! Felomenal ! Adrenalina foi a mil!

Daquele dia em diante , sempre que pintava uma chance eu partia de bonde: voltando da noite , indo pro trabalho, no meio do sinal de trânsito, em qualquer hora e lugar. Subia em caminhão caçamba, caminhão baú, caminhão de frigorífico, van, ônibus, cheguei até a pegar um bonde em um trem que saia da estação mas o mais intenso e perigoso foi quando peguei um bonde em um carro forte!

Ia na caçamba, na parte de trás, na escada mas aprendi com a prática que o maior vibe era no topo. Surfistão urbano! Sempre marcava com o Cleito para nossas seções especiais de 'surfe' .


A emoção já não era como antes, então a gente enchia a cara pra aumentar a dificuldade. Numa dessas , saindo do Kabanna catonho em jacarépagua, depois de ter tomado uma garrafa inteira de absolut com energético, vimos o que seria uma de nossas melhores 'ondas': um caminhão combustível da Shell!

Esperamos reduzir e subimos usando a escada traseira. Para nosso espanto e vibração: o motorista acelerou a uns 100 por hora, seguindo frenéticamente pela sinuosa estrada do catonho. Logo depois, um ford ecosport com 4 caras dentro tentava encostar fingindo que ia esmagar a gente.Até o momento a parada tava loca!

Decidimos subir no topo do caminhão. Pastor,a estrada do catonho, lá para Sulacap , termina em uma ladeira, conhecida por nós como ladeira do Roberto. Lá o caminhão desceu muito rápido , batendo com a traseira no chão e arremessando o Cleito longe: do topo do caminhão de cara no chão, ele foi rolando sem parar. Vendo aquilo, decidi pular: cai de bunda e rolei mas não me machuquei tanto.
Ele tava todo ralado e com dor mas conseguia andar.Pegamos o primeiro ônibus que passou.

Fui dormir direto, só acordei no dia seguinte com minha mãe gritanto: Tiro, tiro! Leandro levou um tiro!Levantei rápido vendo um rombo na minha perna, que deve ter acontecido quando cai, e cama estava ensopada em sangue. Recebi notícias do Cleito e ele havia morrido em casa enquanto dormia. A mãe dele,que era da II tratou de ligar para o Pastor Israel que prontificou um banho milagroso , trazendo-o de volta dos mortos!

Sabendo disso , agendei, no dia seguinte, uma hora com o pastor , que receitou um batismo , pomadas, óleos e água benzida. Fui curado e agora não pego mais bonde, só pego o bonde da Salvação em Jesus!

Oh, Glória!

Postado por Pastor Paulo Tarso de Oliveira